"Uma Língua é um instrumento de comunicação segundo o qual, de modo variável de comunidade para comunidade, se analisa a experiência humana em unidades providas de conteúdo semântico e de expressão fónica”, ou seja, é um conjunto de sons, palavras e regras gramaticais utilizado por uma determinada comunidade."
A cena passa-se numa feira.
Um francês resolve comprar nozes para isso dirige-se à dona de uma tenda de fruta:
- Comment s’appell?
- Se se come com a pele?
- Comment?
- Com a mão? Não, sem casca.
- Je ne comprends pas.
- Se não quer comprar para que
me fez perder o meu tempo?
Variações da Língua
A língua é um sistema gramatical usado pelo conjunto de indivíduos que o conhece. A utilização que cada falante deste código varia em função de diversos condicionamentos:
- A idade;
- A zona geográfica e o nível sociocultural do emissor;
- O grau de familiaridade entre o emissor e o receptor;
- As circunstâncias e as finalidades do acto de comunicação.
Registos de Língua
Registo corrente – corresponde à norma, sendo acessível à maioria dos falantes. Trata-se de uma linguagem simples, mas correcta, constituída pelas palavras, expressões e frases mais comuns.
Na língua falada encontramos este registo na conversação quotidiana e na comunicação social audiovisual. Na língua escrita este registo é utilizado nas informações e comunicações escritas e na comunicação social impressa.
Ex.: A senhora não tem motivo para fazer essa afirmação!
Registo familiar – é frequente na linguagem falada, dependendo principalmente do grau de familiaridade entre o emissor e o receptor. Trata-se de uma linguagem com um vocabulário muito simples e pouco variado e com frases gramaticalmente simplificadas.
Na língua falada encontramos este registo na conversação quotidiana informal. Na língua escrita este registo surge nas cartas ou na comunicação online e em textos literários, quando se pretende reproduzir a língua falada.
Ex.: Estás a dar música a quem?
Registo popular – reflecte a falta de cultura linguística das classes pouco alfabetizadas e/ou os hábitos regionais, a educação e a profissão dos falantes. Muitas vezes, as frases são gramaticalmente incorrectas.
Na língua falada encontramos este registo na conversação quotidiana. Na língua escrita este registo surge nos textos literários que pretendem reproduzir a língua falada.
O registo popular tem várias modalidades:
Os regionalismos – são expressões próprias de determinadas zonas do país.
Ex.: Quero um cimbalino. (“cimbalino” é sinónimo de café no Porto; tem o correspondente em “bica”, expressão de Lisboa)
A gíria – é o conjunto de expressões específicas de determinados grupos com actividades afins.
Ex.: Hoje baldei-me ao primeiro segmento. (gíria estudantil)
Aquele frangueiro nem no banco tem lugar! (gíria futebolística)
O calão – designa expressões consideradas impróprias e grosseiras.
Ex.: Se não te piras parto-te as fuças todas!
Registo cuidado ou culto – utiliza um vocabulário escolhido, menos comum que o do registo corrente, tal como uma sintaxe mais elaborada.
Na língua falada este registo é utilizado em conferências, colóquios e ocasiões solenes. Na língua escrita encontramo-lo em cartas e documentos formais e oficiais, em textos críticos e de opinião
Ex.: Eu, abaixo-assinado, venho, por este meio solicitar a V. Ex.ª (…).
Registo literário – tem uma intencionalidade estética e, para tal, emprega um vocabulário rico e sugestivo, recursos expressivos e estilísticos, e a sintaxe pode ser bastante elaborada.
Na língua falada encontramos este registo em discursos e sermões. Na língua escrita está presente nas obras literárias.
Ex.: Ondas passadas, levai-me
Para o olvido do mar! (…) A casa por fabricar. (Fernando Pessoa)
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