domingo, 13 de setembro de 2009

GAIVOTA

Sublime poema de Alexandre O'Neill a que Amália deu voz e reinterpretado, HOJE, por Sónia Tavares.
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

Alexandre O'Neill

terça-feira, 1 de setembro de 2009

VIVER... E FORÇA DE VONTADE...


«Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.»


Para pensar...


Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.


Dalai Lama

quinta-feira, 3 de julho de 2008

As Rosas do Tempo



Admirável espírito dos moços
a vida te pertence.

Os alvoroços as iras e entusiasmos que cultivas
são as rosas do tempo, inquietas, vivas

Erra e procura e sofre e indaga e ama
que nas cinzas do amor perdura e flama.

Carlos Drummond de Andrade

Eros


Nunca o verão
se demorara
assim nos lábios
se na água- como podíamos morrer,
tão próximos e nus e inocentes?


Eugénio de Andrade

terça-feira, 25 de março de 2008

FICHA DE TRABALHO SOBRE AS FÁBULAS

Actividade – Descobrindo significados

1. Procure no dicionário alguns significados da palavra “moral”.
a) ___________________________________________
b) ___________________________________________
c) ___________________________________________
d) ___________________________________________
e) ___________________________________________


2. Complete o quadro abaixo, apontando aqueles valores que, na sua opinião, são, em geral, aceites pela sociedade, em oposição àqueles que são condenados:






Leitura compreensiva e interpretativa do texto


O Lobo e o cordeiro


Como naquele Verão fazia muito calor, um lobo dirigiu-se a um ribeirinho. Quando se preparava para mergulhar o focinho na água, ouviu um leve rumor de erva a mexer-se. Virou a cabeça nessa direcção e viu, mais adiante, um cordeirinho que bebia tranquilamente. “Vem mesmo a propósito!” – pensou o lobo de si para si. - “ Vim aqui para beber e encontro também o que comer...”Aclarou a voz, pôs um ar severo e exclamou:
-Eh! Tu aí!
-É comigo que está a falar, senhor? - respondeu o cordeiro. – Que deseja?
- O que é que desejo? Mas é evidente, meu malcriado! Não vês que ao beber me turvas a água? Nunca ninguém te ensinou a respeitar os mais velhos?
- Mas... senhor? Como pode dizer isso? Olhe como bebo com a ponta da língua... Além disso, com sua licença, eu estou mais abaixo e o senhor mais acima. A água passa primeiro por si e só depois por mim. Não é possível que esteja a incomodá-lo! – respondeu o cordeirinho com voz trémula.
- Histórias! Com a tua idade já me queres ensinar para que lado corre a água?
- Não, não é isso... só queria que reparasse...
- Qual reparar nem meio reparar! Olha que não me enganas! Pensas que te escapas, como no ano passado, quando andavas por aí a dizer mal da minha família? “Os lobos são assim... os lobos são assado...” Tiveste muita sorte por eu nunca te ter encontrado, senão já te tinha mostrado como são os lobos!
- Não sei quem lhe terá contado tal coisa, senhor, mas olhe que é falso, acredite. A prova é que no ano passado eu ainda não tinha nascido.
- Pois se não foste tu, foi o teu pai! - rosnou o lobo, saltando em cima do pobre inocente.
Moral
Para alguém decidido a fazer o mal a todo o custo, qualquer razão serve, ainda que seja uma mentira.


Esopo




Actividade – Trabalhando a estrutura do texto


a) Enumere, pelos menos, três adjectivos definidores do carácter do lobo e do cordeiro.


b) O encontro do lobo e do cordeiro acontece “nas águas limpas de um regato”. É possível determinar a localização exacta do cenário onde se passa a acção? Justifique sua resposta.


c) No verso “foi que falaste mal de mim no ano passado”, a expressão grifada permite situar a acção no tempo? Explique sua resposta.


d) O que nos permite afirmar que o lobo e o cordeiro eram velhos conhecidos?


e) Enumere os argumentos usados pelo lobo para justificar o castigo imposto ao cordeiro.


f) A fábula apresenta um ensinamento ao leitor. Que ensinamento é este e quem o transmite?


g) Porque é que o segundo verso – (nem sempre o Bem derrota o Mal) - está colocado entre parênteses? O que significa a expressão “nem sempre”?


h) Complete a frase, explicando-a com as suas palavras: A razão do mais forte é a que vence no final, pois ____________________________________________________________ .

FÁBULA: DEFINIÇÃO E EXEMPLO

A Fábula é uma narrativa breve, tendo animais como personagens principais e que tem por objectivo transmitir certas moralidades.



Exemplo de uma Fábula:

A Fábula A Cigarra e a Formiga
Rendo a cigarra em cantigas
Passado todo o Verão,
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga,
Que morava perto dela.
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso ajunta:
«No Verão em que lidavas?»
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra: «Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.»
«Oh bravo! (torna a formiga)
Cantavas? Pois dança agora.»
Rogou-lhe, que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza, e brio,
Algum grão, com que manter-se
‘Té voltar o aceso estio.
«Amiga, (diz a cigarra)
Prometo à fé de animal,
Pagar-vos até Agosto
Os juros, e o principal.»
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso ajunta:
«No Verão em que lidavas?»
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra: «Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora.»
«Oh bravo! (torna a formiga)
Cantavas? Pois dança agora.»